(Bloomberg) Costuma-se dizer no meio cripto que quando os preços despencam rápido a liquidação retira os investidores menos convictos focados no curto prazo, conhecidos como mãos fracas, e fortalece o setor.

É uma maneira leviana de pensar em todos aqueles que ingressaram no mercado quando o preço do Bitcoin subiu para uma máxima histórica no final do ano passado – incluindo instituições e pequenos investidores domésticos, muitos dos quais se afundaram em seus investimentos.

Um coeficiente chamado MVRV (market-value-to-realized-value, em inglês) – que divide o valor de mercado pelo preço médio de compra – mostra que detentores de curto prazo, em média, compraram Bitcoin por cerca de US$ 47.500. Outro indicador chamado SOPR (Spent Output Profit Ratio) indica que esse tipo de investidor vende com prejuízo agora, segundo análise da Genesis Global com dados da Glassnode Academy.

E não foi só quem ficou com a criptomoeda por alguns meses. Mais da metade dos operadores que detinham criptomoedas no final de 2021 entraram naquele ano, segundo a Grayscale Investments. O preço médio do Bitcoin em 2021 ficou em torno de US$ 47.300. Na segunda-feira, caiu abaixo de US$ 31.000.

“Um monte de gente ficou no vermelho”, disse Stephane Ouellette, CEO da FRNT Financial. “Qualquer um que comprou pela primeira vez em 2021 está no vermelho.”

Os fãs de criptomoedas há muito argumentam que os ativos digitais resistiriam bem durante tempos turbulentos. Muitos disseram que o Bitcoin se mostraria um bom hedge de inflação graças à sua oferta limitada. Também deveria resistir melhor em meio a crises econômicas e geopolíticas porque não está vinculado a nenhum governo e não tem autoridade centralizada.

Em vez disso, investidores de moedas digitais sofrem com um ambiente que fritou muitos ativos de risco este ano. O Federal Reserve e outros bancos centrais aumentam juros para combater a inflação em um momento em que o cenário econômico se enfraquece.

Nesse ambiente, o Bitcoin, o maior ativo digital em valor de mercado, caiu pela metade desde seu recorde em novembro. Sofreu cinco semanas consecutivas de declínio e apenas um dia positivo nas últimas 11 sessões até segunda-feira.

“Criptomoedas são ativos de risco”, disse David Spika, presidente e diretor de investimentos da GuideStone Capital Management. “‘Deve ser um bom hedge de inflação.’ Errado. É um ativo especulativo que não terá um bom desempenho em um ambiente como este.”

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